terça-feira, 8 de setembro de 2009

Uma confissão

Sentado no tal cadeirão, aquele cadeirão castanho de vimes que temos na varanda de ferros envolvidos em tons verdes que dão para o cais e consegues ver a baía com todos as cores do final do dia. (O rosa do céu quando o sol é eclipsado pela noite e a noite é ofuscada pelo sol. O azul cristal que banha as águas e rebenta na areia ainda a fervilhar em tons cremes com conchas trituradas pela força das ondas brancas de espuma.)
Esse cadeirão em que me sento e agarro no cachimbo que o meu pai me ofereceu com herança de família, e fumo... Fumo e saboreio todos os momentos que vi através dos meus olhos vítreos que observam tudo como que uma criança vê o mundo com a rapidez plena da vida terrena e interroga-se de tudo.
Esse fumo e esse cadeirão fazem rever-me a vida que levei, (enquanto passa a mulher de cabelos loiros e bem pintada que mora na esquina do prédio rosa que é habitado pela D. Maria da padaria da frente da nossa casa.
Essa casa que me traz tantas recordações, da nossa vida, dos enganos, das emoções, das traições e do boémio que era nos meus 30.
Essa casa linda que vivíamos e ainda vivo.) a vida que levámos enquanto tu Mena, tu já cá não pertences. E sinto a tua falta, a falta do teu cheiro da camisa branca com folhos que costumavas usar no Sábado para ir ao passeio semanal pelo campo e lá fazíamos um piquenique como miúdos, (a nossa relação sempre foi jovial, sabíamos perdoar mutuamente, sabíamos ouvir, tu adoravas-me e eu adorava-te, não estávamos forçados a estar um com o outro, éramos felizes com os nossos deslizes) e lá víamos o campo com olhos de ver, cheiramos as flores em união, sentíamos o correr do rio e o zumbir dos insectos com a audição que nos foi dada e deliciávamo-nos com tudo o que era de pequeno com todos os sentidos com o cheiro da terra e o sabor da amora.
Esta casa que já não é a mesma sem o teu sorriso matinal, este cachimbo que já não tem sabor sem o teu beijo tácito, este cadeirão que já não é fofo sem o teu colo. Tudo isto que levamos juntos e tu quitas-te com egoísmo nas tuas ultimas horas. Nem a baía se preenche o vazio do coração. (Nem a mulher bela de cabelos loiros que passava se existe, agora de cabelos brancos mas sempre com a mesma beleza jovial) Nem o pão que como da D. Maria se é o mesmo. Tu abandonaste-me e levaste o que eu tinha de sentidos, de boémio e de alegre. Agradeço todos os recantos que são teus nesta casa com a tua paz de espírito e respirar de alma Mena. Adoro-te pela tua compreensão e o amor que nunca forçado foi.

Com adoração Francisco.

domingo, 6 de setembro de 2009

Tudo

Vejo tudo o que deixei para trás.
Aquilo que podia ter feito e não fiz.
Tudo o que fiz e não devia ter feito.
O desejo de conquistar todo o mundo
Obrigando-me a conquistar o maior ser.
Ver as minhas recordações.
(as minhas e as suas, em que todos os momentos
Eram mágicos.
Todos os momentos eram sonhos tornados por segundos
Realidade em todas as frestas da minha pele lívida
E da sua queimada.)
Ver essas recordações encostadas numa caixa de sapatos suja,
Uma caixa que com um pequeno sopro vindo das minha entranhas,
Do meu coração,
Transforma a caixa de papelão.
Num simples e redondo não.
Nessa caixa existem recordações, fantasias e coisas da minha cabeça doida e marota.
Recordações proibidas e prometidas a você.
Tudo isso por uma vida que não anseio
Pela necessidade de desejar tudo
E esse tudo por inteiro.

A SUA Eterna Maria da Paz

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Porquê's

Porquê que continuas a tratar-me como uma criança?
Em que me dás a mão para me apoiar como um ser protector que usas para ser isso que não queres mostrar ser.
Para tapares a tua concha de ostra tampando a pérola do mundo inteiro negando-o assim o teu esplendor.
Negando-o a todo principalmente a mim porque me tratas como uma criança.
Porquê que continuas a tratar-me como criança que não sou e que não tenho dentro de mim mesmo e ao mesmo tempo sinto-a a expelir forças cósmicas e magicas da ponta das minhas mão tas varinhas de sei lá o quê?
Continuas a negar-me a magia do mundo e a negar-me tudo por me tratares como uma criança.
Porquê que irás tratar-me amanhã como uma criança que lê que sonha que chora e que ama tudo o que lhe aparece á parte do mundo imaginário onde emergem os teus Potter’s & Frodo’s os teus Chapeleiros & Piratas?
Permanecendo estático num banco a folhear as paginas da vida que me surge aos bocados e tu como protectora que és pega-los todos e ensinas-me a formar o puzzle da minha própria vida.
Porquê criança?
Porque tens necessidade de ser o meu anjo da guarda?
E se to dissesse que para mim eles não existem?
Tratar-me-ias de forma como o quê?
Porquê que olhas com esgar quando peço um café e leio o diário?
Porque sou uma criança?
Porquê que me dás sempre a mão quando eu desejo no fundo de tudo mais do que isso do que outra coisa essa coisa estúpida que tu não entendes por achares que mais uma vez não pode existir no meu pensamento por ser uma criança?
Porquê criança?
Mas perdoa.
Perdoa tudo aquilo que proteges e amas de forma infantil e estupidamente desnecessária porque eu como criança perdoar-te-ei.
Paulo Pimenta