quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Rementendo a heteroníma à actualidade.


Remetendo a heteronímia para a actualidade.
MOOOOOCHE


Ora bem, isto surgiu numa conversa repleta de emoções devido á Maria da Paz, uma senhora muito sexual que existe no meu subconsciente, algures com a minha amiga Marta.


Fernando decide pegar no seu telefone e como não tem mais nada para fazer invente ligar para o seu grande amigo Casais-Monteiro e falar-lhe de algo que lhe atormenta a cabeça. Do outro lado da linha ouve-se um grito animadamente estúpido como aqueles que agora existem nas novas tecnologias "MOOOOOCHE".

-Estou? Monteiro?
-Sim. Olá Pessoa então como vai isso? - Depois da conversa apática que normalmente dão a entender que irá surgir uma conversa longa pelo meio Fernando revela algo estranho.
-Sabes Monteiro estou a ligar-te porque algo me atormenta, algo sem nexo, acho que na realidade estou a ficar louco. - Pessoa em tom confidente e envergonhado, mas sem levantar a ponta do véu introduz-se a Monteiro.
-Então diz lá o que é que se passa contigo? -Monteiro pensa que é alguma brincadeira de Pessoa e não dá caso.
-É que, estou a ouvir vozes. - Monteiro desata á gargalhada -Não estou a brincar, eles apareceram para me atormentar, acho que é mais do que um.
-Não gozes, vozes?
-Sim, vozes. Já não sei o que hei-de fazer. Agora quando escrevo surge-me coisas que não sei de onde vêm, estou desesperado Monteiro. Se surgem outra vez não sei aquilo que faço.

Entretanto Monteiro não acredita minimamente em Pessoa e este fica desesperado e não sabe o que irá fazer, continua a escrever os seus textos muitos bons e de repente surge-lhe na mente uma imagem. Estupefacto, liga para Monteiro para contar-lhe o sucedido, independentemente de serem quase duas horas da madrugada. Blá, blá, blá do "MOOOOOCHE" e então surge Monteiro.

-Estou? - Ainda sonolento sem ver o número de telefone no ecrã.
-Sim, Monteiro. Ele apareceu outra vez. Chama-se Alberto Caeiro e diz que não vem sozinho.
-Un? Estás a falar de quê?
-Da minha conversa de hoje ao final da tarde. Ele surgiu outra vez.
-Ahhh. E chama-se Caeiro? -Em tom grandioso e desacreditado.
-Sim, sei que o nome não prima pela beleza mas foi ele que lho deu. Escreveu um texto gigante que se intitula "O Guardador de Rebanhos", tenho no portátil queres que to leia?
-Não, não agora não. Mas Caeiro?- Reforça Monteiro- Não podia ser Alberto João? Não podias dar um nome mais bonitinho?
-Não sou eu que escolho, ele surgiu assim do nada. E é um babado, não gosto nada dele, é louco.
-Ahh - Monteiro acha que Pessoa está a ficar louco.
-O que é que se passa comigo?
-Não sei. Mas conta mais...
-Ele é muito bucólico, só vê campo, flores ervas e árvores. Nega tudo o que tenha Metafísica e está para morrer. Não tem uma escrita muito profissional, parece que não estudou. -A esta altura Monteiro não conseguia parar de rir. - Ele é sensacionalista. Estás a rir do quê? Estou preocupado comigo.
-Não, é estranho falares "dele" como se não fizesse parte de ti. E ainda por cima com o entusiasmo que falas parece que já se conheciam.
-Ele falou comigo e ao ler os seus poemas compreendo-o. Mas é estranho e ele não sou eu. Somos diferentes.
-Mas parte de ti certo?
-Sim eu sei. Mas já não deste por ti a falar sozinho?
-Sim já.
-Então é a mesma coisa. Quando eu falo só, refiro-me a duas pessoas diferentes, para não me baralhar, é a mesma coisa. -risos do Monteiro.
-Pessoas diferentes?
-Sim, o Fernando e o Pessoa. Só para perceber qual é o meu verdadeiro ponto de vista.
-Ou seja, tens mais um heterónimo? Ou mais dois?
-Não! Já me chega um.
-Pois sim, mas se fala contigo várias vezes tens vários traços de personalidades completamente distintas.
-Sim, eu acho que tenho um distúrbio mental. É isso. Criei os meus amigos imaginários de infância de uma forma tão enraizada que agora eles estão a ganhar vida.
-Pois.

A conversa prolongou-se até ao dia seguinte, Pessoa rendeu-se ao seu heterónimo, justificando a Monteiro que era positivo porque assim poderia ter vários tipos de escrita, não ficando apenas por um, mas Monteiro não se rendeu aos encantos de Caeiro, principalmente pelo facto do seu nome ser esquisito.Pessoa continuou a criar várias personalidades, nascidas e ressuscitadas escrevendo inúmeros textos da sua autoria e não autoria. Ficando no futuro próximo conhecido como o pai da escrita de heterónimos influenciando jovens escritores.

4 comentários:

Sandra disse...

ADORO! tá um máximo!

beijinhos pims*

m disse...

LOOOL!!!!!
Primeiro, isto de imaginar a conversa feita por estas duas personagens tem imensa piada.
Segundo, digamos que todo o diálogo é-me deveras familiar. E «fazer de Casais-Monteiro» não é propriamente algo que eu tenha planeado, ou que seja minimamente fixe mas... ok... ;)
Terceiro, a Maria da Paz é aquele amor de pessoa que eu estou prestes a conhecer (OI?)
Quarto, Fernando Pessoa com o seu cellphone é muito!! ;) e o outro tbm :) questiono-me a marca...
Quinto, o grito do MOCHHEEEE deve ter ajudado a provocar o distúrbio do Nando
Sexto, «Pessoa em tom confidente e envergonhado» LOOOOOL muito!!!
Setimo, «Monteiro desata á gargalhada» ninguém imagina quantas
Oitavo, «Estou? - Ainda sonolento sem ver o número de telefone no ecrã», é perfeitamente compreensível ;)
Nono, mudança do rumo... «P: ELA APARECEU!!!» , «M: quem?? oO», «P:A MARIA DA PAZ!!» -.-
Decimo, Alberto Joao não (NAO!) é mais bonito que Caeiro. Que isso fique bem claro
Decimo primeiro, «A esta altura Monteiro não conseguia parar de rir» Por esta altura ainda deve de estar a rebolar de tanto riso
Decimo segundo, continua a ser demasiado estranho FP falar dele, sem ser ele
Decimo terceiro, esta alminha penada com portátil deve ser algo estrondoso. LOOOOOOL imagina um mail...
Decimo quarto e para concluir, isto é de loucoooosss!!!!!

;) LOOL :D

Pimenta disse...

eeeeeeee-xacto.

Anónimo disse...

Desculpa, Pimi, mas... não mates mais.
Sinto ter de dizer isto, mas n achei piada nenhuma... aliás, senti-me ofendido, como admirador de Pessoa e de Caeiro também... não podes tratar o Fernando Pessoa dessa maneira! ...pensava que com o que tinhas lido farías algo mais fiel e coeso ...então levo este texto como uma brincadeira de muito mau gosto.
(Mas para não me levares a mal, lê o comentário que fiz ao texto da Paz)

Xavier M.